A compaixão

Considerada uma virtude cristã, a compaixão está presente desde os tempos mais remotos. Aproximadamente em 530 a.C., na antiga China, o filósofo Lao Tsé escreveu Tao Te Ching (Tao = jornada da vida; Te = natureza essencial; Ching = livro sagrado), um clássico com oitenta e um poemas líricos inspirados na natureza local que fornece lições para transformar os desafios e as expectativas da vida cotidiana em oportunidades para uma renovação pessoal. O Tao é dinâmico, flexível, integra as energias complementares yin (interioridade) e yang (exterioridade), nada exclui e ensina que o mais adequado é o ‘caminho do meio’. Pois bem, no Tao Te Ching já constava a compaixão.

O termo compaixão deriva do latino compassione (passione = movimento, agitação, intensidade) associada ao deus Netuno (Posseidon, em grego) e, algumas vezes de modo inadvertido, confundida com piedade que considera o Outro como uma vítima, incapaz porque Eu sou melhor que o Outro. Na compaixão, Eu sou igual ao Outro, por isso, posso sentir, me preocupar e me colocar no lugar do Outro. E, como o Outro é igual a mim, também é imperfeito como sou, assim, devo agir com paciência e tolerância. O sentimento de compaixão ativa todo o lado esquerdo do cérebro e joga alegria por todo o corpo físico. Mas o que vem a ser compaixão??

“Viver uma vida compassiva sempre começa com nós mesmos. Significa apresentar-nos aos outros como o indivíduo único que somos, nunca permitindo que ninguém nos faça sentir que somos inferiores. Significa respeitar nossas necessidades, nosso corpo e nosso espírito único, transcendendo os julgamentos limitadores dos outros para nos tornar nós mesmos com mais força e poder. ” (DREHER, 2000, p. 65)

Assim, algumas práticas precisam ser adquiridas, vez que a compaixão inicia com nós mesmos e fica incompleta com a nossa exclusão. Então, primeiro temos a aprendizagem, com a prática da reflexão, o cuidado com as palavras verbalizadas (que possuem força e lei, se materializam) e o uso da afirmação e do elogio que provocam melhor efeito; a distinção, reconhecer os limites das capacidades, de tempo e energia, a diferença entre a real emergência e a atitude desleixada (algumas ‘emergências’ são manipulações) e relacionar-se por ‘escolha’ (gera maior autenticidade e equilíbrio) e não por obrigação; a doação, o zelo com o Outro, dar calor, aceitar as diferenças do Outro (como ele realmente é) mas, lembrando da necessidade de cuidar e de ser cuidado; por fim, o desapego, ou seja, buscar a solução, ir além da culpa, viver sem causar mal a alguém, relacionar com bondade e respeito.

Como empreender uma ação positiva consigo mesmo? Dando-se respeito, atenção e carinho; respeitando as próprias necessidades (físicas, mentais e espirituais); fazendo as coisas para os outros sem negligenciar as próprias, avisando quando estará disponível; não permitindo que alguém o deprecie; fazendo as pazes com o corpo físico, tratando-se com amabilidade e honestidade, são alguns exemplos.

A compaixão com o corpo físico inclui: o movimento (a circulação aumenta a endorfina que é o hormônio do prazer), a valorização da singularidade da própria beleza e a manutenção de uma dieta saudável. Lembre-se que o corpo físico é a expressão dinâmica de quem você é, por isso, pare de fazer o jogo competitivo com outra pessoa a respeito de altura, peso, cabelo….

“Viver com compaixão significa cuidar de você e dos outros, contatando-se de uma maneira que recompõe sua energia e paz mental. (…). Seja o que for que suavize seu espírito e a faça se sentir em paz consigo mesma e com o mundo, dê-se este presente da compaixão com frequência.” (DREHER, 2000, p. 81; 82)

*PS: Quando se muda um reforço, muda-se um comportamento.

Referência:

DREHER, Diane. O Tao da mulher; 10 lições de poder e paz. Tradução de Marly Wincker. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

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